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Poetry: Cidade Velha

16 February 2016 at 07:04 | 3890 views

Cidade Velha

By Saidu Bangura, Praia, Cape Verde (Cabo Verde).

On these shores
on this soil
here, at Cidade Velha
my kinsmen were brought
with no authorisation,
disembarked and worked
on these hills on transit to their destination,
unknown and unsure of their fate;
built walls that walled us apart,
this pillar-post, the gateway to the citadel
– the emblem of monumental shame –
of slavery –
impoverished my world.

My kinsmen were baptized, “civilised”,
denied humanity, nativity –
born again?
A new way of life they took;
they took some away and left
these ones,
these ones that I met on
my learning mission:
not so different from me
but different in simplicity.

Cidade Velha, the citadel
the warehouse of a new identity
a new “brand” of people
scattered in the Atlantic,
a new mode of conduct
all moulded here at Cidade Velha
where two people met
and made history –
blended the cultures which made
my kinsmen “Creoles”
thus making me strange to my own kinsmen.

With anguish, sweat, hope
my kinsmen became a people
so diversely diverse in unison –
what a wealth!
the codeine that eased my pains –
a product of the diversity
at Cidade Velha
where two people met
and carved history, destiny:
I was part of this
though now a stranger.

Dear ancestors gone and found
here at Cidade Velha
guide and protect me as I step out …
of these shores, this soil,
this land in my constant search ...

Praia, 18th June 2007.

Cidade Velha por Saidu Bangura

Nesta baía
neste txon
aqui, na Cidade Velha
meus irmãos foram trazidos
sem consentimento,
desembarcaram e trabalharam
nestas montanhas em trânsito para os seus destinos,
desconhecedores e inseguros de seus fados;
foram construídas paredes que nos separaram,
este pilar, portão para a cidadela
– o emblema de vergonha monumental –
de escravidão –
empobreceu meu mundo.

Meus irmãos foram baptizados, "civilizados",
foi-lhes negada a humanidade e a natividade –
nascidos de novo?
Um novo estilo de vida eles tomaram;
levaram alguns e deixaram
estes,
estes que eu agora encontrei na
minha missão de aprendizagem:
não tão diferentes de mim
mas diferentes em simplicidade.

Cidade Velha, a cidade
incubadora de uma nova identidade
um novo "tipo" de pessoas
dispersas no Atlântico,
uma nova conduta
toda ela moldada aqui na Cidade Velha
onde duas pessoas encontraram
e escreveram a história –
misturaram culturas e criaram
os meus irmãos "crioulos"
tornando-me estranho para os meus próprios irmãos.

Com angústia, suor, esperança
meus irmãos transformaram-se num povo
tão diversamente distintos em união –
que riqueza!
a codeína que atenuou as minhas dores –
um produto da diversidade
na Cidade Velha
onde dois povos encontraram
e esculpiram a história, o destino:
fui parte disto
embora agora um estranho.

Queridos antepassados idos e achados
aqui, nesta Velha Cidade
guiem-me e protejam-me na minha saída …
desta baia, deste solo,
desta terra na minha procura constante...

Praia, 18 de Junho de 2007.
txon = língua Cabo-verdiana (variante de Santiago) para chão ou

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